Noite

Na noite de luar
pus o lençol no quintal
nos dispomos a casar.

Vinho à taça,
semente à cabeça,
tua boca, a minha deseja.

Estrelas testemunhas
brilhavam cintilantes
na presença de dois belos amantes.

_|_

Se de certo fosse
manchar essa areia de sangue.
Por um ato simbólico
cortar alguns com foice.

E vingar os leprosos
abandonados no disperso solo,
com barriga vazia,
mãos atadas e castigadas.

Se a utopia viesse
a realidade transformar,
e a vida inútil de um mendigo
um sentido dar.

As foices não cortam gargantas.
Não precisam.
Cortam mentes,
individuais.

Cada um com sua foice.
Cada um com a sua mente.
Faça sua parte.
Joga a bola pra frente.