Amigo

Existem amigos, de verdade, que te avisam
mas você insiste no erro, pra quÊ?
Se a vida é ganhar ou perder,
eu sempre perco,
quando não estou por perto dos que merecem,
aqueles que te rejovenescem,
ajudam,
sem porquê nem pra quê,
de verdade.
Choro,
no erro,
desgosto,
no esgoto.
Aflingido,
sem castidade,
sou putão,
sem honestidade.
Porque os que estão comigo,
não escuto.
Triste de mim se com eles não estivesse.
Esses, sim, a partir de hoje,
faço lealdade.

Em noites místicas regadas à álcool,
fazemos do nosso cotidiano algo um pouco melhor do que o supérfluo,
apesar do caminho de volta ser incerto,
abstraímos conteúdos dirigidos por um astro qualquer no céu,
apesar de no outro dia quase não nos lembrarmos,
fazemos de mais um dia algo, de certa forma, épico.

Indigno! Mostra-te como se todos não te vissem!
Indecoroso! Como podes ser rude a tal ponto!
Não sentes vergonha de pensar na rua?

Devaneios noturnos

Falência
múltipla
de espirito.
Arvorido.
Alucínio.
Colorido
de duas cores.

III

Ô maldita que me voltas,
te esperei por tanto para ires embora,
infortunada, retorna.
Sabemos que no fundo te espero,
mesmo sem saber ao certo,
tens o nome de insônia;

Cheiro do dia seguinte

Ainda resta o cheiro forte no nariz da intensidade de tua essência.
Maligna, alienígena, flor bela.
A maria e a juana com uma pitada de citronela.

...

Franqueza póstuma de assuntos mal resolvidos,
    com ações sucintas perto do abismo
    da consciência, que à sua presença some.
Na sua ausência o peso recobre
    nas costas de uma memória desforme.

Abril em março

Na espera inconformada do amanhã que nunca chega,
ressussita o afago do apego.
Com apelo inocente, quase que infantil
sutil marca de abril.

Insonia

Ô insonia conflitante
o que me trazes de novidade?
Sei o que não tens, criatividade.

Soneto à mulher perdoada


A sua infantilidade é medíocre
recaída numa flacidez psicológica
Dantescas histórias do seu cotidiano
você sabe prozar.

Analogias prosaicas sabe disfarçar.
Manchas aladas de uma incoerência ativa.
Percalços de uma vida mal conduzida,
aflita da falta de se auto afirmar.

Cansei das suas versões mau ditas,
repletas da sua menção falida
de simplesmente não saber pezar.

Afirmas que sou eu quem não sabe amar,
mas, o que me parece
é que essa palavra você não sabe significar.

Insônia de domingo

Por que o destino é tão incerto,
abcesso
de fugor?

A luz que aparece
abjeta
outra opção.

E no devaneio que adormece,
renasce
uma paixão.

Colina

Quando passo de ônibus campus
que vejo a nossa colina vazia,
penso, como será daqui a três anos.
Meu medo não é de a colina sair do lugar,
mas que por algum motivo,
como amigos,
não estejamos mais lá.

Percepções

Puxo.
Não estou sentindo nada.
Riso.
choro
raiva
choro.
riso.
solto.

Palavras

A velocidade com a qual as palavras correm
contaminam mentes,
prostituem doentes,
viciados em amor,
prosa e poesia.

Poetas do inferno

Mandem buscar os poetas no inferno.
Porque aqui só reinam burocratas de terno.
Os poucos vivos estão enfermos.
Tragados pelos tempos sem arreios.

Tragam com eles poesias inéditas.
Porque os livros daqui as traças estragam,
inutilizados pela sociedade da informação,
Renegam o sentimento do poeta vagão.

No caminho, por favor, ateiem fogo no que preciso for.
Pra deixar o rastro de intenso fervor,
e pras belas mulheres, é claro, deem uma flor

Poetas do inferno vocês podem sair.
Porque o capeta de verdade
está por aqui.

Noite

Na noite de luar
pus o lençol no quintal
nos dispomos a casar.

Vinho à taça,
semente à cabeça,
tua boca, a minha deseja.

Estrelas testemunhas
brilhavam cintilantes
na presença de dois belos amantes.

_|_

Se de certo fosse
manchar essa areia de sangue.
Por um ato simbólico
cortar alguns com foice.

E vingar os leprosos
abandonados no disperso solo,
com barriga vazia,
mãos atadas e castigadas.

Se a utopia viesse
a realidade transformar,
e a vida inútil de um mendigo
um sentido dar.

As foices não cortam gargantas.
Não precisam.
Cortam mentes,
individuais.

Cada um com sua foice.
Cada um com a sua mente.
Faça sua parte.
Joga a bola pra frente.

Verso

Do reverso a verso,
tenho o meu regresso,
e faço o progresso.

...

Chego ao bar,
logo peço um vinho.
Sensatez ébria sincera
se instaura.
Alma perdida
toma rumo sem caminho.

Kayo

Kayo
caido na calçada
parece cansado.
Ao calço que faz,
descalço na romaria,
acompanhado de irmãos e
acasalado de alegria.
Kayo, meu amigo,vá pra Curitiba
com amor paz e harmonia

Ociopata

O ópio é ócio de rico,
O ócio é ópio de pobre,
E o crack a droga do mendigo.

Alma

Achei esse poema num arquivo do notepad perdido pela minha HD...


Alma?

Alma burguesa!
Alma julgada!
Alma errante!
Coração palpitante?!

Que infinito é esse?
que sucumbi minha mente
que poluição é essa
que modifica minha mente?

O dia jorra luz,
assim como a noite jorra escuridão,
demasiada ilusão

Pelo instante
e exato momento
enquadrante.

Filipe...

Tu és um puto na minha vida
vagabundo em cada esquina
que não agarra nenhuma menina

Vagas pela noite atrás de um parceiro
para jogar uma sinuca lá no beco
no bar do seu marujo aquele grande seresteiro.

Falas demasiadamente bonito
parece até jurista
mas não passa de um futuro dentista


És um amigo leal
que chupa o meu pal
e faz rir até passar mau

Devaneio de uma lua cheia

Ao longe
escuto passos,
perpasso,
ao som de cada calço,
o nervo,
eles param.
Parece que me escutam,
vigiam,
vem o arrepio,
penso,
novamente ouço.
Forte.
Mais forte,
mais...
morte!

Flores e rosas

Flores e rosas

Fodam-se as flores
os cravos
e as rosas

Fodam-se os escravos
a bastilha
e a revolução

Fodam-se o cotidiano
a ilusão
e a amante do patrão

Fodam-se a tristeza
a ignorância
e a intediante solidão

Fodam-se o ódio
a dor
e a folclorica população

Foda-se!